quinta-feira, 5 de novembro de 2009

. domingo


eu caí,
eu caí e ela me acompanhou,
o chão era áspero,
o dia sem nuvem,
sem calor, sem frio, sem nada, com brisa.

um domingo daqueles de se deitar no chão,
olhar pro céu... azul... azul e azul,
roupa de ficar em casa
corpo preguiçoso,
olhos serrados,
bem me quer, mau me quer...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

. só


eu...
eu quero...
e uma casinha no morro,
só!

sábado, 5 de setembro de 2009

. os outros

Entender o outro é a melhor alternativa para evitar um desastre ou algo do gênero. Mas o que fazer quando o outro não cumpre o seu papel de entender você? Voar no pescoço ou arremeçar objetos talvez seria uma das opções para impor a devida aceitação de como você é. Acalmemos. Talvez a violência seja uma bela aliada a isso, mas deixemos ela em segundo plano, caso o dialogo não funcione, ai sim, o aconselhavel é partir para um bom pedaço de pau com prego na ponta.

sábado, 29 de agosto de 2009

. das aparências do pequi

lambe-me,
roa-me,
afogue seus dentes em minha poupa macia,
entorpa seus olhos em minha cor
amarelo-ouro,
alaranjado,
avermelhado,
pôr do sol saindo de uma casca
verde forte.

só não me morda.
eu posso lançar pequenos espinhos com poder de inflamar sua boca,
tapar o seu ar
e te fazer amargar como fruta madura à força.

. a informação nossa de cada dia

Nas portas das casas, senhoras reunidas à tarde depois de colocar o feijão pra cozinhar e despachar os filhos para a escola. Uma sai para varrer a rua, a outra pra colocar o lixo ou lavar a calçada e logo estão em roda. Uma reuniãozinha, discussão de pautas. Falam do que aconteceu no capítulo de ontem da novela, da enfermidade desconhecida do filho da Sicrana da rua de baixo, do relacionamento secreto de Fulano, do suposto caso de nepotismo na prefeitura. Não deixam de fora nenhuma editoria.

Como profissionais da comunicação, cada uma delas querem dar a notícia primeiro, querem receber a notícia primeiro. É notório. Na face de uma, a expressão do tipo: “eu tenho uma revelação bombástica”, no rosto de outra, aquela expressividade de: “eu não acredito que estou ouvindo isso”.

Cai a noite. Gargalhadas gostosas, cada uma volta pra sua casa, fecham as portas e aquele ar de satisfação por ter contado tudo, por ter ouvido tudo e por estarem bem informadas. O feijão já está cozido, os filhos voltam da escola, os maridos chegam do trabalho. Jantar. Na mesa, mais uma reuniãozinha, agora familiar. O marido conta o que ouviu no ônibus, os meninos contam sobre as novidades da escola e elas abrem a boca e repassam o que ouviram das colegas de porta. Telejornal, novela, cama. Apagam-se as luzes. Dormem. Mais uma edição fechada.